QUEM SOU EU NESTE BLOG...


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"Não acredite em nada que você ler neste blog, pesquise, experimente, repita os experimentos" Parafraseando um Conceito e incredulidade Conscienciológico








AS VEZES ME SINTO SÓ, APESAR DE RODEADO DE SERES MUITO IMPORTANTES PARA MIM. SERES QUE COM CERTEZA ESCOLHI POR ALGUMA RAZÃO PARA COMIGO CONVIVEREM. COMO ESCOLHI, NÃO LHES CABE CULPA E LHES SOBEJAM QUALIDADES QUE ÀS VEZES SUFOCAM. SOBRAM-ME AS RECORDAÇÕES PARA DRIBLAR ESSES PEQUENOS LAPSOS:



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quinta-feira, 7 de julho de 2011

O CHURRASCO QUE MEU PAI ME ENSINOU









Comecei a conviver mais com meu pai, a partir do início de entendimento da vida. Lembro de muitas coisas em tenra idade. O episódio do feijão no nariz e a foto para a carteira do IAPFESP (o INSS do Pai). Mas começar a aprender coisas, vivenciá-las, participar, só após os 10 anos. Daí até os 17 anos, fui companheiro destacado pela mãe e irmãs, para acompanhá-lo nos horários fora de escola, dia e noite. Foram muitas tardes de várias chaleiradas de chimarrão e muitos domingos em que assessorei meu pai nos churrascos domingueiros. Por que isso marcou tanto? Acredito que pelos muitos ensinamentos passados por ele que me ajudaram a encarar a vida de um modo inquisitivo, investigativo. Aos 10 anos fiz uma calçada de tijolos, ao lado de minha casa que até bem pouco tempo ainda existia, a mais de 50 anos...Olhando, vendo com olhos de ver, perguntando, inquerindo e aprendendo... Foi assim também com os churrascos.
Não lembro de quando meu pai trouxe um espeto de madeira excepcional: uma forquilha (bifurcação de um ramo) perfeita de pitangueira, de, mais ou menos, 1,20 m. Numa das tantas medições de terra que ele executava, ele achou-a e trouxe para seus trabalhos na churrasqueira improvisada no buraco do chão que recebia as cinzas do forno à lenha. Já andei por muitos matos por aí em pescarias e caminhadas, moro em um lugar cheio de pitangueiras e até hoje não achei nada parecido com o espeto dele...
 Ele só fazia churrasco em fogo de lenha. E tinha as lenhas especiais para fazê-lo. Eram os nós das madeiras que ele comprava para o fogão à lenha. Normalmente as toras vinham em metro e nós dois cortávamos com o traçador(serra comprida-2 m- com cabos em ambas as extremidades). Depois, à medida que podia, eu transformava em achas de lenha. Sobravam umas maiores normalmente com nós que eu não conseguia desmanchá-las. Essas eram as utilizadas pois davam melhores brasas. Havia um ritual que começava no sábado. Ao sair para o trabalho, ele me chamava e dizia, "Nego Déi (meu apelido de piá) vai lá no açougue do alemão bem cedo e pede para ele 2,5 kg de pá de paleta, se não tiver, o mesmo peso de agulha. Diz que é para mim que ele anota e depois eu pago. Lava bem 1 litro com água e feijão (método antigo para retirar qualquer sujeira de litros de vidro) e vai lá no gringo do vinho e trás um litro de vinho tinto seco. Também deixa preparado o buraco do forno e o espeto". Ordem dada, providências tomadas. Com a pá tirava as cinzas do buraco, fazia duas paredes baixas de tijolo para servir de base, trazia as lenhas, palha e sabugo de milho para iniciar o fogo e deixava o espeto de molho no tanque (era para não queimar o mesmo quando ia para o fogo)
No Domingo auxiliava a fazer o fogo, fazia a boneca ("bonecra" no dizer dele) de palha de milho verde ou de tempero verde, fazia a salmoura com três colheres de sopa de sal fino, alho e tempero verde.
Ele espetava a carne e amarrava um arame no cabo do espeto e a outra ponta cravava na carne para não escorregar se assasse com espeto em pé. E era assim que começava assando enquanto tinha labaredas no fogo. Depois de um certo tempo, antes de colocar o outro lado para assar, salpicava o assado com a boneca e a salmoura. Acompanhava de perto embevecido, como se estivesse assistindo um ritual executado por um pagé missioneiro num cerimonial da raça gaudéria... Repetia tantas vezes quantas necessárias para que ficasse com o tempero certo. Para apurar, concluía assando com espeto deitado. Nunca "selou" a carne com chamusqueio que hoje todo mundo relata que faz, porém sempre seu churrasco foi suculento e macio.
Sempre serviu mal passado, como todo churrasco tradicional relatado por SaintHilaire...
Churrasco simples, de gente simples, com carne que geralmente ninguém assa, mas que era motivo de satisfação de toda a família...

Um comentário:

  1. Lembro de muitas coisas aí relatadas, como dos churrascos de domingo, inclusive c/a vovó sentada na mesa, e da salmoura e palha... não lembro de detalhes como tu, mas é muito bom reviver td!!

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